Meu amigo me contou que faz 3k mês criando contas no Facebook

Estávamos conversando e perguntei se ele estava trabalhando. Contei que eu estava me matando para ganhar um salário mínimo, ralando todos os dias. Ele me olhou com um meio sorriso e respondeu que estava desempregado, mas vivia a vida no "easy", ganhando dinheiro sem se esforçar.

Foi então que ele começou a explicar. Durante o tempo em que ficou sem emprego, o desespero bateu, e ele precisou pensar em uma forma "não convencional" de conseguir grana. E encontrou. Criou várias contas falsas no Facebook usando inteligência artificial – perfis de pessoas que sequer existem. Ele montava personalidades para cada um desses fakes e entrava em grupos de idosos, solteiros, gente carente. "Os alvos perfeitos", ele me disse. E, para tornar o esquema ainda mais fácil, ele mandava prompts pro ChatGPT, pedindo ajuda com as conversas. Ele só copiava e colava as respostas, deixando a IA fazer o trabalho sujo por ele.

Depois que ganhava a confiança das vítimas, ele dava o golpe: pedia R$ 20 em troca de um “presente” – fotos de cunho sexual, supostamente de "Carolina" ou "Priscila", personagens que ele criava. Os velhos, sem imaginar que estavam lidando com perfis gerados por IA, faziam o Pix na hora. E ele, claro, mandava as fotos. O fdp me contou que recebia mais de 50 solicitações de amizade por dia, e que R$ 20 era uma quantia tão irrisória que os caras raramente questionavam. Alguns até mandavam mais, felizes pela "atenção" que recebiam.

Sinceramente, agora eu só consigo vê-lo como um rato. Não aqueles que roem paredes ou invadem cozinhas atrás de restos. Ele é o tipo que vive nas frestas da internet, espreitando por entre as redes sociais, caçando velhos solitários, desavisados, homens que se perdem em fotos de mulheres fictícias, na esperança de preencher suas vidas vazias. O mundo real não parece importar para ele. A vida na rua, o emprego das nove às seis, o salário mínimo que tantos suam para conseguir? Nada disso faz parte da sua realidade.

O que me dói é como ele fala disso com tanta facilidade, com tanto orgulho. Ele me disse que está começando a "investir" em outras coisas, que está tendo sucesso, e que não tem risco algum de ser pego, porque ninguém desconfia. Ele fica sentado na frente do computador, veste uma "máscara" por umas duas horas por dia, e pronto – garante seu "extra". Era Carolina, a jovem de 26 anos, recém-divorciada, vulnerável. Era Priscila, a enfermeira carinhosa que só queria alguém que a amasse. Ele criou dezenas de perfis falsos, todos meticulosamente planejados, com fotos geradas por IA e histórias elaboradas. Ele me contou que nem precisa se esforçar muito. Ele parece saber exatamente o que dizer, quando dizer, como manipular. O jogo dele é simples. Nos dias em que precisa de mais grana, ele só adiciona mais velhos tarados, e o dinheiro flui.

A resposta deles é sempre rápida, quase desesperada. E lá estava ele, com um sorriso de canto de boca, me mostrando os comprovantes de Pix: R$ 20 aqui, R$ 30 ali. Dinheiro fácil. Se ele adiciona mais cinco vítimas por dia, e cada uma delas envia R$ 20, o cara está fazendo mais dinheiro do que 90% dos brasileiros que ralam, que estudam, que se matam para viver. Ele consegue o que quer sem sair da cadeira, sem chefe, sem transporte público lotado.

Esse é o ciclo da vida dele basicamente, Em uma boa semana ele me contou q arrecada 800, 900 reais, ou até mais, de homens que jamais o encontrariam, jamais o confrontariam. Ele sabe que, mesmo quando os velhos desconfiam, o orgulho e a vergonha os calam. Ninguém quer admitir que foi enganado por uma foto falsa, que caiu em uma história inventada.

O que eu tenho a dizer é: como todo rato que vive nas sombras, um dia ele será visto. As luzes vão se acender, e talvez ele não tenha para onde correr. Ou talvez não. Talvez nem sempre haja consequências e o cara só tá vivendo a vida no easy kkk